Tivemos no percurso do trajeto algumas provas, umas que exigiam resistência e outras estratégias para êxito da nossa caravana, que retornava do congresso em Barra Seca.

Na subida para o Rincão Naturismo, já final de tarde, o motor home patinou no barro e ficou atolado, em apuros o líder Marcelo foi buscar socorro a pé para nos rebocar.
Sentados a beira do caminho, em frente a uma cadeia de montanhas em Guaratinguetá, jogávamos pedras na vala para passar o tempo, na tentativa de preencher o espaço onde o pneu atolou.

O motorista subiu no carro para uma tentativa de sair dali, arrancou o carro, nos estávamos do lado de fora na frente dele, olhamos para trás e ele mandou correr, subimos o morro correndo com os chinelos de dedos batendo na bunda.
Lá em cima, já a salvos, entramos no carro, finalmente chegamos ao Rincão. Às nuvens grossas e escuras nos perseguindo.
Recomendava a prudência não passar a noite ali, cansados com fome e sono resolvemos pernoitar, se a chuva apertasse, desceríamos a estrada de chão no meio da noite mesmo, porque senão teríamos que ficar ali até a estrada ter condições de passar.
Fomos dormir apreensivos, um dos passageiros do motor home tinha passagem de avião marcada, para o dia seguinte embarcar em Florianópolis.
Temos que resolver um problema de cada vez, agora é pensar em sair com o carro daqui.
Deita a cabeça no travesseiro e sonha a noite inteira com chuvas intensas, acorda olha o céu pela janela, nenhuma estrela, silêncio absoluto lá fora.
Às quatro horas da manhã, o motorista gira a chave de partida do motor home, e começa a descer a estrada de chão para pegar o asfalto, nós todos pulamos rapidamente dos beliches, era tensa a descida no escuro, ficamos sentados de prontidão na cozinha, ao lado da cabine.
Sacoleja daqui, sacoleja de lá, balança tudo, abre a porta do armário e cai uma dezena de pratos se espatifando no chão, aumenta adrenalina do grupo, o breu da noite diminui com a aurora do dia.
Estamos a poucos metros da estrada de asfalto, a euforia toma conta, aplausos ao motorista, ainda sobraram alguns pratos no armário, começa a cair, no para brisas do motor home, as primeiras gotas de chuva e ela irá nos acompanhar até o final da viagem.